Intermezzo
Olá
Hoje trago Intermezzo, o livro que chegou e, primeiro sem grande arrebatamento foi criando um espaço de tal forma que quando o fechei se tinha transformado no meu livro preferido de sempre.
Já tinha tentando ler 2 livros de Sally Rooney há cerca de 2 anos e não gostei. É uma escrita completamente corrida, em que é fácil perderes o fio de quem disse o quê (uma espécie de Saramago).
Quando li a sinopse de Intermezzo pensei, esta é a última oportunidade que dou a esta autora (e aqui nada contra a autora, poderia simplesmente não ser autora para os meus gostos).
Este é um livro sobre Peter e Ivan, dois irmãos com 10 anos de diferença e como a morte do pai os altera, como afecta o relacionamento entre eles e a própria visão que tinham sobre eles, as outras pessoas e a perspectiva que têm do mundo.
No primeiro capítulo pensei, bolas voltou a fazer o mesmo e não sei se vou acabar o livro mas pensei ler pelo menos os 3 primeiros capítulos e avaliar no final.
Quando acabei o segundo, não precisei de fazer avaliação pois já estava completamente absorvida por este livro, por estes dois irmãos e as suas histórias.
Este não é um livro que tenha uma grande história, é um livro completamente centrado nas personagens e no desenvolvimento destas ao longo da narrativa.
É um livro que consegue mostrar um ser humano nas suas várias facetas, até as menos perfeitas (aqueles pensamentos menos polidos sobre as outras pessoas que todos temos, mas a maioria nem quer sequer admite que os tem). Foi essa humanização das personagens - como a perda e o luto transformam uma pessoa - que me fez apaixonar por este livro.
Acho que a autora tem uma capacidade de entender o ser humano com todas as suas nuances e consegue passar o pensamento mais caótico de Peter ou o pensamento mais lógico e pausado de Ivan através da escrita, o que me fez entender ainda melhor as personagens.
Duas semanas após o ter acabado, gostava de puder voltar a lê-lo como se fosse a primeira vez.
Não me vou alargar muito mais sobre a minha opinião, até porque gostava de conseguir convencer alguém a lê-lo e deixar a pessoa tecer as suas próprias opiniões a cerca deste livro.
Por vezes não é o livro que não te chama, mas sim tu, que naquela altura em específico não estás pronta para aquele livro!
Claro que existem muitos livros por aí que não é hoje nem será daqui a 20 anos que vão ser para ti, ou se vão tornar bons. Porém, muitos dos livros que deixo para ler e mais tarde lhes volto a pegar, fazem-me acreditar seriamente que há livros que têm um estados de espírito específicos para serem apreciados.
Beijos,
C